AÇORES D´OLHO NO MERCADO DOS EUA
Tal como o afirmou num spot publicitário sobre os Açores o conhecido surfista Mc Namara em que “O mar é a minha igreja … o mar é o meu escritório”, o arquipélago açoriano rodeado de mar por todos os lados tem de aventurar-se novamente em epopeias marítimas, aproveitando esse território marítimo para desenvolver várias actividades que cativem os turistas, de uma forma mais intensa, muito embora seja reconhecido que os Açores têm já inúmeras empresas que se dediquem a estas actividades, havendo agora que desenvolver mais programas. Tal como referiu a Associação de Turismo dos Açores (ATA) já se desenvolve na Região cerca de 50 actividades em terra e no mar e há 150 empresas de animação turística, na sua maioria micro-empresas.
Todos têm a ideia de que a região tem todas as condições para se tornar um destino sustentável, embora a aposta tem de ir para além da Europa e apostar mais nos EUA.
Quando foi do IV Fórum Franklin Roosevelt, o médico António Simas, presidente da Associação Comercial e Industrial do Pico, que também tem assento na Mesa do Turismo, sublinhou que os açorianos têm apostado mais na divulgação dos Açores na Europa do que no mercado norte-americano, defendendo mesmo que “o Turismo é a galinha dos ovos de ouro dos Açores”, e, por isso, quem nos visita tem de levar os Açores no coração, já que temos “uma vacina contra o turismo de massas porque não temos um destino de sol e praia”.
A generalidade dos especialistas em matéria de turismo garante que as ilhas do arquipélago açoriano têm tudo para agradar quem cá vem, designadamente natureza, saúde e bem-estar. Não temos poluição, não temos insegurança mas temos tranquilidade. “Estamos a uma distância de um avião do mercado norte-americano mas infelizmente a nossa quota neste destino varia entre 4-5%. Todos temos parentes na América e temos de nos virar para um mercado que tem 300 milhões de pessoas. Bastava que nos virássemos para a Pensilvânia, Nova Inglaterra e Nova Iorque que estão a umas magras 4 horas daqui, numa viagem que se faz melhor do que aquelas que se fazem até no interior dos EUA”, opina António Simas.
O médico, que se dedica também ao Turismo, entende que “devemos investir em novos mercados porque os Açores ainda não têm notoriedade, sendo necessário haver um novo modelo de negócio baseado na venda directa ao consumidor apoiada em marketing online”. Mais, diz que os açorianos interiorizarem a ideia de que o turismo é de Verão, mas garante que há é que apoiar o turismo de Inverno. Isso deve ser feito “sensibilizando a transportadora regional e a hotelaria para fazerem preços razoáveis para vendermos o destino. Muito está feito mas muito há ainda para aperfeiçoar”, disse na altura mas que importa recordar.
Os Açores são um dos destinos mais sustentáveis do mundo, sendo um dos sectores transversais a outras áreas de actividade e é também aquele que tem crescido e torna-se apetecível para muitas regiões que repensam o seu modelo estratégico, numa altura em que o turismo em espaço rural vai crescer.
Destino sustentável, sim, porque a mão humana não tem, no geral, instrumentalizado o património natural e paisagístico das belas ilhas açorianas. Tanto os governos como as gentes ilhéus têm conseguido preservar ao longo de séculos o seu legado, acompanhando ao mesmo tempo o desenvolvimento social, económico e cultural.
Importa salientar como já têm defendido os autarcas do triângulo, nomeadamente da ilha do Pico, que as exportações para os EUA são residuais, já que se ficam pelos 5 por cento no total Açores, defendendo por isso quem tem o poder autárquico, por isso, que urge uma política de transportes para colocar a exportação na vanguarda. “É preciso incrementar o mercado da saudade. A Diáspora e alianças históricas assumem primordial importância”. Tem de haver transportes marítimos e aéreos que permitam o escoamento para chegar a Lisboa e a outros destinos como Espanha, França, Itália e Grécia, mas também tem de haver circuitos curtos de comercialização em que haja um menor número possível de intermediários, porque o que verifica nestas fileiras, tanto da carne como do pescado, é que o preço final pago a quem trabalha (agricultor, pescador)não é muito alto, mas a saudade paga bem por estes produtos.
As barreiras alfandegárias nos EUA também são limitativas à exportação dos produtos alimentares, como por exemplo o queijo, e a esperança é que a nova legislação americana, em discussão com Portugal, e consequentemente a União Europeia, possa servir para derrubar esta barreira e melhorar os números da exportação açoriana.