As Mulheres na Emigração – Débora Arruda

As Mulheres na Emigração – Débora Arruda

 

debora-arruda2Débora Arruda, natural de Santo António, saiu de São Miguel para Paris em 2006. Dá aulas no Instituto Camões para adultos estrangeiros de diversas nacionalidades. É professora, desenvolvendo na área pedagógica o ensino da língua, cultura, história, geografia, gastronomia, costumes e tradições do mundo da lusofonia. Já formou diplomatas na língua portuguesa.

Quase há 4 anos que representa no “salão das línguas estrangeiras em Paris” a Língua Portuguesa “e mantenho o sotaque” de São Miguel; conta-nos com orgulho, revelando que com comunidade portuguesa em Paris relaciona-se com a AGRAF (Associação dos Graduados de França), com o Centro Cultural Calouste Gulbenkian, onde faz parte do júri que elege os melhores autores dos primeiros romances portugueses em Portugal e com a Associação CapMagellan que organiza eventos e tem uma revista para lusodescendentes.

Já animou um programa de rádio onde se falava em português sobre Portugal, Açores, Madeira e a lusofonia e organizou e coordenou , na Coordenação das Colectividades Portuguesas em França CCPF, o 15º Encontro de jovens Lusodescendentes em Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012.

debora-arruda1E Débora Arruda não esquece o seu berço de nascimento e diz que sempre que ouve “ falar português na rua, não posso deixar de dar um sorriso ou trocar umas palavras”. Quando deixou a ilha para rumar a uma grande capital europeia, como é Paris, diz que na Região Autónoma dos Açores já se começava a sentir o desemprego, mesmo com os jovens diplomados. Justamente por ter terminado os estudos no Porto e não ter conseguido colocação em nenhuma das nossas ilhas, optou por ir para Paris (onde vivia o namorado) na busca de encontrar trabalho no ensino do português língua estrangeira. Terminar os estudos e ficar parada não me convinha, disse-nos.
Conta-nos que ”Sair de Santo António, da grota da pipa, para vir viver para Paris foi uma mudançazinha! Já tinha estado no Porto a estudar e isso sim custou-me bastante pois fui aos 18 anos sozinha para lá e desenrasquei-me. Chegar aqui com 25 anos, ter o namorado e como sou muito comunicativa e tenho vontade de conhecer, acabou por me ajudar a integrar. Mas toda a mudança deixa um vazio e faz-nos descobrir mais um bocadinho deste universo que somos. Se pensei regressar… sim!”Contudo, o regresso é adiado. Não sabemos o dia de amanhã e o futuro a Deus pertence! Nunca pensei um dia viver em Paris. Para já tenho cá a família que construi e casa. Voltar a São Miguel para já é de vez em quando”.

Tenho saudades da família, dos amigos, mas felizmente há internet e telefone ilimitado! Do resto sinto uma saudade de tanta coisa: mar, cheiro das criptomérias, das conteiras, das Furnas, dos sons dos grilos em noites de Verão, do sereno, do silêncio, da pimenta da terra…”.

Nélia Câmara

Nélia Câmara

Só que da terra que a vi nascer, Débora Arruda não esquece. “Eu falo dos Açores nas aulas, com quem se cruza comigo, eu «vendo» os Açores nos meus olhos e nas minhas palavras. Já fiz que algumas pessoas visitassem os Açores e até tenho uma ex-aluna francesa que decidiu ir viver para o Pico! Não é maravilhoso?!», desabafa esta açoriana que vive na cidade do amor mas também na cidade onde tem havido vários atentados, com morte e muito sofrimento.

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